sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Corre corre na Estação

Fazia o tradicional maior calor africano dos últimos cinquenta anos, no Méier (assim como em todo o Rio de Janeiro), no último sábado. Mesmo correndo o risco de esturricar na calçada sob o sol que nos fritava os miolos já pela manhã, saí para o meu habitual passeio de flâneuse pela Dias da Cruz e adjacências. Eu e metade do bairro, diga-se. Parece que “quem mora no Méier não ‘bobéia’” e não teme sauna ao ar livre.

Um calor sufocante, um sol de pedir arrego. Parei na Estação do Pão para o meu primeiro café da manhã na padaria após a reforma. Na área para lanches, além de banquinhos no balcão, agora há seis mesinhas com cadeiras para doze comensais. Àquela hora, a frequência era alta. Mesmo assim, consegui um lugar; pedi um suco de manga e um pão de queijo daqueles grandões, típicos de padaria.

Pão de queijo grandão de padaria lembra minha infância. Quando eu era criança, meu pai costumava comprar-me desses para o café da manhã do fim de semana. Foi o primeiro a que fui apresentada, só mais tarde conheci aqueles tipo Forno de Minas ou Casa do Pão de Queijo. Embora fossem grandes e eu, pequena, devorava os tais pãezões sem maiores problemas, porque eram ocos, não pesavam quase nada. Mas não o da Estação do Pão. O pãozão de queijo da Estação é maciço, alimenta uma família de quatro pessoas, fato esse que eu desconhecia.

Pois então estava eu, sentada à uma das novas mesinhas da padaria, me recompondo do calor, saboreando meu pãozinho e bebericando meu suco de manga, quando ouço gritos e percebo movimentos assustados. Em resumo, um princípio de alvoroço causado pela presença de... um rato! Detalhe, daqueles bastante bem nutridos.

O Mickey era ligeiro, com a mesma agilidade com que aparecera, escafedeu-se. E isso me assustou tanto ou mais do que seu súbito surgimento. Meu pão de queijo ficou insosso na mesma hora. Terminei de beber o suco e saí. Alguém reclamou que para evitar ratos é preciso dedetizar, o que um funcionário informou que fora feito na semana anterior. É aquela história, rato pode aparecer em qualquer lugar, mas eu prefiro que seja onde e quando eu não estiver.

Apesar do calor e do Xaropinho da véspera, dei um voto de confiança à Estação do Pão e no domingo fui, mais uma vez, tomar café da manhã na padaria. Desta vez, sem sobressaltos – mas olhando para todos os lados o tempo todo, é verdade. Porque eu moro no Méier, não “bobéio” e não temo sauna ao ar livre, mas não divido meu pão de queijo com nenhum Topo Gigio, isso não!

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