sexta-feira, 22 de abril de 2011

Malditos transportes públicos

Uma sugestão para o Boninho: no próximo BBB, quando planejar as provas de resistência, crie uma na qual, durante uma semana, os brothers tenham de deixar o subúrbio pela manhã em direção ao Centro, com trajes formais de trabalho e fazendo uso dos meios de transporte públicos disponíveis. Nada de carro. Aquele que conseguir chegar ao destino, ao menos uma vez, sem ter os cabelos desgrenhados, a roupa amarrotada, a maquiagem derretida – no caso das sisters –, e ainda conservando o aroma de frescor do banho e o bom humor intacto leva a liderança e o lançamento da Fiat naquele ano. É ou não é a prova perfeita para ser patrocinada por um fabricante de automóveis?

Não sei de todos os destinos, então falarei por mim. Quem mora na Zona Norte e trabalha no Centro tem a certeza de dois longos momentos de suplício diário: a ida para o trabalho e a volta para casa em horário de rush. Tente o ônibus, o trem, o metrô, o transporte pirata. Nenhum será minimamente satisfatório. Esta semana, uma comissão da Alerj descobriu algo que estamos exaustos de saber: suburbano é transportado pelo metrô como se fosse gado. Uma equipe de reportagem do Bom Dia, Rio acompanhou a viagem feita da estação Carioca à Pavuna, por deputados estaduais e inspetores, no fim da tarde de terça-feira. Por volta dos 2min07seg do vídeo, com o olhar desolado, a gravata levemente torta e os cabelos grudados na testa de tanto suor, o deputado Pedro Fernandes, presidente da tal comissão, afirma que se o Metrô Rio não apresentar uma solução, a Alerj irá propor a cassação da concessão do serviço. Aguardemos. Mas sentados, pois em pé e espremidos já basta dentro dos vagões do metrô.




Sugiro agora à Câmara Municipal do Rio de Janeiro seguir o exemplo da Alerj e dar uma olhada nas nossas linhas de ônibus. Adianto o que encontrarão: veículos lotados, passageiros indevidamente sentados em assentos preferenciais, motoristas mal-educados e ausência de ar condicionado, não obstante nosso calor africano. Dispomos de apenas uma linha refrigerada: o 1051 da Matias, que, embora cobre uma das tarifas mais caras (sete reais para termos motorista cortês, ar condicionado e poltrona confortável do Engenho de Dentro ao Castelo) do município, está a cada dia mais disputado.


Veja o que me aconteceu na última quarta-feira, caro cúmplice suburbano. Às sete e meia da manhã, estava eu a postos no ponto de ônibus em frente ao Prezunic da Dias da Cruz. Era a quinta pessoa na fila, o que indicava que um frescão passara há não muito tempo. Por volta das sete e quarenta e cinco, um ônibus chegou com apenas três lugares disponíveis. Normal. Recorrente, eu diria. Já me aconteceu outras vezes e se, nesse dia, eu não tivesse me atrasado cinco minutos para sair de casa, certamente teria conseguido embarcar. Mas não foi o que aconteceu, então segui esperando. Esperando, esperando, pacientemente esperando. Era agora a segunda pessoa da fila, portanto as chances eram grandes. Só que o frescão seguinte passou meia hora depois, às oito e quinze, e já lotado.


Naquele momento, a fila para o 1051 reunia mais de vinte passageiros, contados por alto. O rapaz à minha frente desistiu de esperar. Com isso, era eu agora a primeira da fila. Aguardar ou não aguardar?, eis a questão. Calculei que o próximo frescão não chegaria antes das oito e meia e, sendo assim, eu completaria uma hora de espera. O dia estava fresco quando cheguei ao ponto de ônibus e, àquela hora, o sol já começava a se tornar inconveniente. Além disso, tinha de estar no trabalho às nove. Por isso, decidi que o melhor seria tomar o primeiro ônibus que me servisse, fosse qual fosse.


Bom, quis o destino que fosse um 247 obviamente cheio e que, dois pontos adiante, ele tivesse de parar para recolher os passageiros do ônibus anterior, que quebrara. O resumo da história é o seguinte: viajei em pé, carregando minhas duas bolsas pesadas no lombo até a altura da Uerj, quando vagou um lugar e um homem gentil o ofereceu a mim. Cheguei ao escritório suada e mais de meia hora atrasada.


Por isso, morador da Zona Norte usuário dos transportes públicos, quando deixar o aconchego do seu lar para ir ao trabalho, na próxima semana, não se esqueça de, além do dinheiro da passagem ou do seu Rio Card, colocar na pasta lenço, pente, perfume, desodorante, abanador, espelho, sabonete, toalha e uma dose extra de paciência. Das boas.

9 comentários:

Erica R disse...

Re, vc sabe que, hoje, eu fui da Urca ao Cachambi de ônibus e demorou horrores?
É como vc disse, cheguei lá toda suada e com os cabelos desgrenhados..

Isso me dá uma idéia para um post!

bj

Erica
Minha Alma Canta

Janaina disse...

E pensar que lá na década de 50 ou 60 (não sei ao certo) havia fiscais na rua para conferir se o ônibus não transportava passageiros em pé. Não podia. Parece mentira, mas é verdade. Esta história de tantos passageiros em pé que tem escrito nos ônibus, isto não foi sempre assim. Botaram isto lá e a gente engoliu. Depois de se permitir passageiros viajando em pé, o tormento passou para passageiros "enlatados" como sardinha...

Wolrion disse...

Pelo menos eles foram lá se esfregar no metrô. Pq a Globo não mostrou eles apertados? Eles não entraram no vagão não? Hahahaha!

E o Méier não ter metrô?! É um absurdo! Como eles esperam que venham pessoas de outros bairros frequentar o novo "Imperator"? Com aquela integração com ônibus que deixa lá longe?!

Sou morador da Aquidabã e já morei na Fábio da Luz e Vilela Tavares.

Muito bom o Blog, parabéns!

Mariana disse...

Oi Renata,

Nada a ver com a sua postagem, mas você viu que a panetteria foi comprada pela estação do pão?

Renata disse...

Nossa, Erica, a viagem de ônibus da Urca ao Cachambi deve ser terrível. Nossos transportes públicos são uma vergonha.

Janaina, não sabia disso. Ou seja, acho que o próximo passo é liberar o teto dos ônibus para os passageiros.

Wolrion, acho que a equipe de reportagem não deve ter conseguido chegar até onde eles estavam. rsrsrsrs Só assim pra verem como é impossível se deslocar no metrô cheio. Se não tomamos cuidado e fincamos os pés, acabamos sendo ejetados antes da estação onde queremos descer.

Mariana, vi um folheto outro dia na Panetteria. Achei uma boa novidade. Gostava da Panetteria, mas nenhuma outra padaria do Méier nunca alcançou o nível da Estação do Pão (pro meu gosto).

Obrigada a todos pelos comentários!

Anônimo disse...

Passei por esse mesmo sufoco durante todo o verão e enquanto o frio não chegou. Para conseguir lugar no 1051 eu precisava sair de casa meia hora mais cedo e andar alguns pontos para trás.
Além disso, no verão o trânsito fica pior, pois, como não existem muitas opções de ônibus com ar condicionado, as pessoas acabam indo de carro para o trabalho.

Anônimo disse...

Oi Renata! Sou moradora do Meier desde os meus 14 anos (hoje tenho 32!), na época odiei pois deixei amigos aonde morava, coisa de adolescente, mas frequento o Meier desde que nasci, pois meus avós moram no Meier há 57 anos! (idade de mamãe!!). Logo logo eu passei a AMAR o bairro! Minha adolescência toda indo a matinês do Imperator, depois Shopping do Meier.. bons tempos! Hj estou casada a 2 anos e moro aonde? No Meier! rs.. só que do lado do Salgado Filho (ainda não me acostumei).
Mas qto ao transporte, realmente é péssimo! Já trabalhei no Centro, e estava trab em Botafogo até 2 meses atrás. Pegava o 457 as 6 da manhã já cheio! Hj trab em Caxias, o transporte é outro mas vou sentada.
Bjs!!!!

Ricardo Alfaya disse...

Oi, Renata,

Sua crônica sobre sua ida de ônibus ao trabalho está muito boa. Já morei no Méier e passei muito por isso. Ficar esperando "frescão", desistir e terminar pegando o "primeiro que aparece", que, em geral, é o 247 (rs).Parabéns. Ricardo Alfaya.

Camila disse...

O transporte público é um problema mundial, não só no Brasil. Às vezes, você tem que ir encontrar as coisas, eo ônibus está lotado e você começa mal-humorada. Minha recomendação é viajar o mínimo possível, e fazer pedidos on-line. a melhor solução é a delivery pela internet. Beijos